Poucos doces despertam tanta nostalgia quanto a Cueca Virada. Também é conhecido por vários outros nomes, como ceroula virada, calça virada, mentirinha, orelha de gato, coscorão ou cavaquinho. Com seus vários nomes irreverentes e formato torcido e inusitado, esse quitute tradicional está presente nas lembranças de infância de muitas pessoas, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Mas sua história começa muito antes, do outro lado do oceano.
O Início
A origem da Cueca Virada remonta às receitas europeias de massas doces fritas, conhecidas por nomes como chiacchiere na Itália, bugnes na França e crostoli em comunidades do Leste Europeu. Essas iguarias eram geralmente consumidas no período do Carnaval, em especial na ‘quinta-feira gorda’, a última quinta-feira antes da quaresma – período de jejum. Foram trazidos ao Brasil por imigrantes europeus, especialmente italianos, alemães, poloneses e eslavos. Por aqui, o doce foi adaptado aos ingredientes locais e ganhou apelidos carinhosos. O mais popular deles, Cueca Virada, vem da maneira como a massa é torcida antes de ser frita, lembrando aquela peça de roupa pelo avesso.
A simplicidade da receita, feita com farinha, ovos, açúcar, um toque de aguardente ou vinagre e sua fritura em óleo quente, é compensada pela crocância irresistível e pelo sabor acolhedor. Em algumas versões, é polvilhada com açúcar e canela; em outras, é servida sem açúcar, como um petisco salgado. Seja qual for a preferência, a Cueca Virada é um símbolo de partilha, afeto e tradição, feita para ser saboreada em tardes frias com café ou chimarrão, ou em festas do interior.
A seguir, confira uma receita doce, clássica e crocante – mas com dicas para quem quiser experimentar também a versão salgada.
Ingredientes Para a Cueca Virada Doce
- 3 xícaras de farinha de trigo (aproximadamente)
- 3 colheres (sopa) de açúcar
- 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina
- 1 colher (sopa) de vinagre branco ou aguardente
- 2 ovos
- 1 pitada de sal
- 1 colher (chá) de fermento em pó
- Leite (cerca de 4 colheres, para dar ponto)
- Óleo para fritar, o quanto baste
- Açúcar e canela para polvilhar
Como Fazer a Cueca Virada
Prepare a Massa:
- Em uma tigela grande, misture os ovos com o açúcar, a manteiga, o vinagre (ou aguardente), o sal e o fermento.
- Aos poucos, vá adicionando a farinha, alternando com um pouco de leite até formar uma massa lisa, firme, e que desgrude das mãos.
- Sove levemente por 5 minutos.
Abra e Corte a Massa:
- Com a ajuda de um rolo ou uma garrafa limpa, abra a massa sobre uma superfície enfarinhada até atingir cerca de 0,5 cm de espessura.
- Corte tiras retangulares com cerca de 10 cm de comprimento por 3 cm de largura.
- Faça um corte central no meio de cada tira, no sentido do comprimento, e passe uma das pontas por dentro, formando o torcido típico do doce.
Frite Com Cuidado:
- Aqueça o óleo em uma panela funda.
- Frite as massinhas aos poucos, em fogo médio, virando para dourarem dos dois lados.
- Retire com uma escumadeira e deixe escorrer em papel absorvente.
Finalize Com Açúcar e Canela:
- Enquanto ainda estão mornas, polvilhe com uma mistura de açúcar e canela a gosto.
- Sirva em temperatura ambiente.
Versão Salgada (variação): para uma versão salgada, retire o açúcar da massa, adicione uma colher de queijo ralado ou ervas secas, e polvilhe apenas com sal fino após a fritura. Essa versão é excelente como petisco ou acompanhamento de caldos e sopas.
A Cueca Virada é um elo entre culturas, gerações e memórias afetivas. Seu preparo envolve poucos ingredientes, mas entrega muito em sabor, textura e charme. Em um tempo em que a cozinha artesanal vem ganhando novo valor, fazer Cueca Virada em casa é quase um gesto de resistência: um retorno ao simples, ao feito à mão e ao prazer de compartilhar algo crocante e doce com quem você ama.
Seja no inverno ou no verão, como doce ou como salgado, esse clássico do interior segue encantando paladares. Experimente, torça, frite e descubra por que essa massa virou tradição por todo o país. Bom apetite!
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